Doenças que mais afetam os peixes na piscicultura

                                                                     Furunculose


O Brasil é um país com grande potencial para a exploração animal e a piscicultura vem se tornando importante fonte de proteína animal, dado seu vasto território e condições climáticas favoráveis.
 Houve intensificação, nos últimos anos, do interesse dessa atividade, devido a uma diminuição da pesca. Esse aumento de criatórios, entretanto, propiciou o aparecimento e desenvolvimento de algumas enfermidades, principalmente em função do confinamento. Além disso, concentrações elevadas de peixes favorecem o aparecimento de doenças em surtos epizoóticos por patógenos que têm, portanto, sua transmissão facilitada. Em condições ambientes naturais esses patógenos não seriam de grandes expressões. 
 O regime de confinamento, a alta densidade dos animais, manejos de cultivo e degradação da água por produtos tóxicos ou de excreção podem provocar um estresse crônico. Os peixes, assim, tornam-se imunossuprimidos e, portanto, menos resistentes às infecções.
 Importantes patógenos virais emergentes de peixes pertencem a famílias de vírus dos vertebrados (homem e animais domésticos). No entanto, existem diferenças significativas entre a ecologia de doenças virais písceas e as humanas ou de outros vertebrados terrestres:

1. São poucos os vírus písceos que utilizam artrópodes como vetores;

2. Correntes aquáticas são menos eficazes na transmissão de vírus se comparadas com os aerossóis;

3. Espécies silvestres em reservatórios estão, em geral, em baixíssima densidade (exceto em agregados das unidades populacionais reprodutoras);

4. Os peixes são poiquilotérmicos e a temperatura tem um papel crítico na modulação do processo da doença afetando tanto a taxa de replicação do vírus bem como a resposta imune do hospedeiro e de outros fatores fisiológicos envolvidos na resistência;

5. Poucos vírus de peixe são transmitidos sexualmente entre os adultos, embora níveis elevados de alguns vírus estejam presentes em fluidos de desova e alguns vírus possam ser transmitidos verticalmente a partir de adultos à descendência, ou intraovo ou na superfície do ovo. No entanto, como ocorrem com as doenças aviárias, os peixes migratórios podem servir como veículos virais para longas distâncias provocando a dispersão de patógenos virais.

A expansão global da aquicultura de peixes ósseos e a fiscalização da saúde desses animais levaram à descoberta de vários vírus que são novos para a ciência. Muitos desses vírus são endêmicos na população nativa e oportunisticamente, infectam os peixes através das instalações aquícolas.
 Devido ao risco de propagação através do comércio de peixes, muitas das doenças são listadas como notificáveis pela Organização Mundial da Saúde Animal .
 Os vírus afetam principalmente as primeiras fases de vida dos peixes e, portanto, ovos, larvas e alevinos são mais susceptíveis. Os ovos infectados podem produzir peixes, recém-eclodidos, com sinais clínicos da enfermidade, enquanto os peixes adultos ao se infectarem podem ou não apresentar qualquer sintoma.
 Nas regiões de águas quentes, os vírus não constituem os principais patógenos, a não ser o herpesvírus do peixe gato e o vírus da bronquionefrite das enguias, que provocam alterações clínicas graves, porém permanecem limitados à suas regiões geográficas, o primeiro nos EUA e, o segundo, no Extremo Oriente. Portanto, a sua disseminação deve ser impedida mediante medidas profiláticas severas.
 As infecções gerais podem ser causadas por rabdovírus, herpesvirus e iridovirus. Os rabdovírus abrigam os principais vírus: da viremia primaveral da carpa (VPC); da septicemia hemorrágica viral (SHV); da necrose hematopoiética infecciosa (NHI), entre outros.
 Dentro da família dos herpesvirus, pode-se destacar o herpesvírus do papiloma dos ciprínideos, o herpesvírus do peixe gato ou herpesvírus dos salmonídeos.
 Existem, ainda, muitos vírus sem classificação, como é o caso do vírus responsável pela necrose pancreática, vírus da necrose eritrocitária; vírus da necrose branquial da carpa; vírus do papiloma do salmão atlântico¹ e do peixe gato.
 As bactérias podem causar elevada taxa de mortalidade, tanto em peixes da natureza, quanto dos mantidos em cultivo. Doenças bacterianas estão entre as mais importantes causas de perdas entre as populações de peixes. Uma compreensão completa do agente etiológico, a patogênese, bioquímica, antigenicidade, epizootiologia e interrelação de fatores relacionados ao estresse e ambiente é essencial.
 Entre as infecções bacterianas as principais são: enfermidades causadas por Aeromonas, principalmente a Aeromonas hidrophila, por sua patogenicidade; furunculose causada pela Aeromonas salmonicida; septicemia hemorrágica cujo patógeno é a Pseudomonas fluorescens; columariose produzida pela Flexbacter columnaris, causando uma infecção difundida em escala mundial entre os peixes de água doce, incluindo até os ornamentais; corinebacteriose, uma enfermidade bacteriana renal, causada pelo Renibacterium salmoninarum, um pequeno bacilo gram positivo difteroide; micobacteriose provocada por três espécies de patógenos Mycobacterium marinum, M. fortuitum e M. chelonei. e outras doenças bacterianas como a causada pela Edwarsiella tarda, que pertencente ao grupo das enterobacteriaceas, sendo gram negativas.
 A chave para o sucesso do tratamento da doença bacteriana é o diagnóstico precoce e o tratamento preciso. Se o tratamento for retardado, pode levar a perdas substanciais. Isto é particularmente relevante para os tanques de carpas que, por diversas razões, muitas vezes são suscetíveis a surtos de doenças bacterianas.


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