Espécies mais cultivadas na água doce
Com 12% da água doce disponível do planeta, um litoral de
mais de oito mil quilômetros e ainda uma faixa marítima, ou seja, uma Zona
Econômica Exclusiva (ZEE), equivalente ao tamanho da Amazônia, o Brasil possui
enorme potencial para a aquicultura.
Apenas com o aproveitamento de uma fração desta lâmina
d’água é possível criar com fartura, de forma controlada, peixes, crustáceos
(camarões etc.), moluscos (mexilhões, ostras, vieiras etc.) e algas, entre
outros seres vivos.
No Brasil, diferentes espécies de pescado são cultivadas,
porque elas variam de acordo com as condições geográficas das regiões. A seguir
são apresentadas informações sobre as principais espécies cultivadas em água
doce no Brasil e outras ainda promissoras para aquicultura nacional.
Tilápia
Também conhecida como Nilótica, St. Peter, St. Pierre,
Chitralada, Vermelha. Originária da África.
Hábito alimentar: Podem ser onívoras, herbívoras ou
fitoplanctófagas, dependendo da espécie.
Sistemas de cultivo: Pode-se cultivar tilápias em viveiros
escavados, raceways ou em tanques-redes.
Aspectos produtivos: Chamada de “frango d’ água”, a tilápia
é cultivada em 24 dos 27 estados brasileiros, é a espécie de água doce mais
cultivada no país desde 2002. Os machos crescem mais que as fêmeas. Por esse
motivo, os cultivos intensivos buscam a reversão sexual. As fêmeas incubam os
ovos na boca. Esses peixes superam variações de temperatura e se adaptam a
concentrações de sal. Em 2006, o Ceará foi o maior estado produtor com 23,8%,
seguido pelo Paraná com 16,5% e São Paulo com 14,2%. A tilápia é considerada o
“carro chefe” da aquicultura continental brasileira.
Carpa Comum
Também conhecida como Carpa Espelho, Carpa Capim e Carpa
Cabeça Grande.
Hábito alimentar: Onívora, herbívora e zooplanctófaga.
Tamanho/peso: Podem chegar a mais de 100 kg. São normalmente
comercializadas de 2 a 6 kg.
Sistemas de cultivo: Em sua maioria são cultivadas em
viveiros escavados e, em muitos casos, consorciadas com outros animais ou
culturas agrícolas, como o arroz.
Aspectos produtivos: Foi a primeira espécie introduzida no
Brasil para repovoamento e cultivo. Devido ao clima, os cultivos de carpas se
concentram na região sul e sudeste, tendo como principal produtor (em 2006) o
Rio Grande do Sul, com 47,6%, seguido de Santa Catarina, com 22,7% e São Paulo,
com 16,9%. Algumas espécies de carpas também são muito utilizadas na aquariofilia
e em ornamentações.
Tambaqui
Origem: Bacia Amazônica.
Tamanho/peso: Podem chegar a 45 kg e medir 90 cm de
comprimento.
Hábito alimentar: Na cheia, alimentam-se de frutos e
sementes. Na seca, de zooplâncton. Na aquicultura consomem ração balanceada.
Sistemas de cultivo: O sistema mais utilizado para o cultivo
dessa espécie é o viveiro escavado, mas também são cultivados em tanques-rede.
Aspectos produtivos: Comporta-se bem no policultivo desde
que seja a espécie principal. Os principais produtores (em 2006) foram:
Amazonas, com 19,2%; Rondônia, com 14,9%; e Mato Grosso, com 14,7%. A maior
parte do tambaqui produzido é consumida nos mercados locais de suas regiões.
Pacu
Também conhecido como Caranha e Piratinga.
Tamanho/peso: Podem chegar a 20 kg e medir 80 cm de
comprimento.
Hábito alimentar: Onívoras com tendência a herbívora.
Alimentam-se de frutos, sementes, folhas, algas, raramente peixes, crustáceos e
moluscos. Na aquicultura consomem ração balanceada.
Sistemas de cultivo: O sistema mais utilizado é o viveiro
escavado, mas também podem ser cultivados em tanques-rede.
Aspectos produtivos: Comporta-se bem no policultivo desde
que seja a espécie principal. A região Centro Oeste se destaca na produção. Em
2006, o Mato Grosso participou com 48,1%, Mato Grosso do Sul com 14% e Goiás
com 9,8%.
Tambacu
Origem: É uma espécie híbrida (fêmea de tambaqui e macho
pacu).
Tamanho/peso: Podem chegar a 30 kg e medir 80 cm de
comprimento.
Hábito alimentar (em cultivo): Ração balanceada.
Sistemas de cultivo: O sistema mais utilizado é o viveiro
escavado, mas também podem ser cultivados em tanques-rede.
Aspectos produtivos: O Tambacu, por ser uma espécie hibrida,
superou as expectativas, ultrapassando suas origens, no caso do Pacu. Dentre os
principais produtores (2006) estão: Mato Grosso com 47,6%, Mato Grosso do Sul
com 12,3% e São Paulo com 9,4%.
Pirarucu
Hábito alimentar: Carnívoro.
Peso: Podem chegar a mais de 200 kg e 3 m de comprimento.
Sistema de cultivo: O sistema mais utilizado é o viveiro
escavado, mas já existem alguns experimentos em tanques-rede.
Aspectos produtivos: Seu cultivo ainda é insipiente. Nos
primeiros experimentos chegou a crescer mais de 6 kg/ano. Apesar de ser uma
espécie carnívora, aceita bem ração com altos índices de proteína, desde que
seja feito corretamente o acondicionamento alimentar. Sua carne não tem
espinhos em ‘’y’’ e são comercializadas em mantas de pura carne. Apesar do
grande interesse, o seu pacote tecnológico ainda não está totalmente definido,
porém, é uma das espécies mais promissoras da aquicultura brasileira.
Comentários
Postar um comentário